


Revista Científica Multidisciplinar Nova Terra
v. 2 n. 1 (2025): Publicação em Fluxo contínuo
ARTIGOS
Necessidade de inovação nas universidades africanas para mitigar os impactos ambientais da poluição
Wagner Alexandre Sitoe
Resumo: Em muitos países africanos, como Moçambique, as políticas industriaisfrequentemente favorecem sectores altamente poluidores, enquanto as iniciativas deconservação ambiental ganham destaque. Este estudo argumenta que, em vez de perpetuar essainércia, as universidades devem adoptar uma abordagem proativa, desenvolvendo pesquisasque promovam a substituição de maquinarias, a utilização sustentável de matérias-primas e aadopção de acções que minimizem a degradação ambiental. As indústrias poluidoras,frequentemente associadas à exploração de recursos naturais por meio de explosões,desmatamento entre outros, geram materiais, líquidos, sólidos e poeiras tóxicas, depositados nomar, na terra e no ar, prejudiciais à vida terrestre e marinha, contribuindo para mudançasclimáticas e extinção de espécies. Para o estudo desta questão, baseou-se em uma revisãobibliográfica que inclui análise de teses, artigos, documentos e relatórios oficiais relevantes. Osresultados demonstram que, ao direccionar suas pesquisas para soluções ambientais, asuniversidades podem desempenhar um papel crucial na promoção do bem-estar dosecossistemas e na sustentabilidade. Este enfoque não apenas beneficia o meio-ambiente, mastambém fortalece a relação entre academia e sociedade, rumo a um desenvolvimento maisequilibrado. Conclui-se que os Estados devem integrar as universidades e os académicos naplanificação, implementação e busca por soluções, por meio de políticas de consulta eauscultação mais efectivas. Essa colaboração pode gerar inovações que permitam às indústriasmanter suas actividades produtivas, ao mesmo tempo que se comprometem com a eliminaçãoda poluição ambiental, proporcionando um futuro mais sustentável para as comunidades e oplaneta.
Palavras-chave: Inovação. Meios Poluidores. Moçambique.
Experiências com Inteligência Artificial no Ensino Fundamental: da descoberta à ressignificação da imagem
Dejalma Ferreira do Rosário
Resumo: A inteligência artificial (IA) se faz presente no nosso dia a dia para solucionar demandas diversas ou promover interatividade nas redes sociais. A escola, não estando apartada dessa realidade, tem acolhido o uso de tecnologias digitais e da IA no desenvolvimento de atividades pedagógicas. No presente trabalho relato experiências na geração de imagem com IA em três escolas públicas de ensino fundamental, com os seguintes objetivos: rever assuntos trabalhados em sala de aula; desenvolver atividades de projetos escolares, bem como discutir temas relevantes relacionados aos direitos autorais e ao uso ético da internet, das redes sociais e da IA e, por fim, fazer releitura de obras como Vidas Secas de Graciliano Ramos e Retirantes, de Candido Portinari. Os resultados sugerem que imagens geradas por IA são recursos que potencializam o aprendizado, quando os estudantes, ao fazerem uso dos prompts e dos algoritmos, identificam saberes e conhecimentos nas imagens geradas.
Palavras-chave: Relatos de experiência. IA e educação. Geração de imagens.
Produção de Vídeos no Ensino de Matemática: Repercussões para a Aprendizagem de Estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental
Itana Maria de Araújo Lima Amorim; Américo Junior Nunes da Silva
Resumo: Este estudo, resultado de uma pesquisa-ação, busca compreender as percepções dos alunos sobre os impactos de sua participação na produção do vídeo “Matemática e os Jogos Olímpicos”, com ênfase na aprendizagem matemática promovida pelo projeto. A iniciativa foi desenvolvida com estudantes do nono ano de uma escola pública em Lauro de Freitas, Bahia, culminando na criação de um vídeo educativo que recebeu destaque e premiação no 8º Festival Nacional de Vídeos Digitais e Educação Matemática da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Para a coleta de dados, aplicou-se um questionário cujas respostas foram analisadas por meio da Análise de Conteúdo (AC). Os resultados indicam que a integração entre tecnologia e ensino potencializa a aproximação dos estudantes com os conceitos matemáticos, impactando positivamente suas aprendizagens. Experiências como essa demonstram a possibilidade de ressignificar o processo educativo e fortalecer o protagonismo estudantil, possibilitando o reconhecimento em nível nacional.
Palavras-chave: Produção de Vídeos. Modelagem matemática. Multimodalidade. Multiletramentos.
ENSAIOS
A dissociação epistemológica entre ciência e religião: um ensaio crítico
Ivânia Paula Freitas de Souza Sena; João José da Silva Carrilho; José Gonçalves do Nascimento
Resumo: Este ensaio analisa criticamente a tentativa de unificação entre ciência e religião, destacando as diferenças epistemológicas e metodológicas que tornam essa integração impraticável e prejudicial. A ciência fundamenta-se no método científico, na testabilidade e na possibilidade de refutação, enquanto a religião opera no campo da fé e da subjetividade. Utilizando perspectivas teóricas de Karl Popper, Bertrand Russell e Stephen Jay Gould, o ensaio demonstra que os critérios de validação, os objetos de estudo e as abordagens desses campos são incompatíveis. Conclui-se que a separação respeitosa entre ciência e religião é necessária para preservar a integridade de ambos os domínios e evitar a contaminação mútua que enfraquece suas respectivas contribuições à sociedade.
Palavras-chave: Ciência; Religião; Epistemologia; Incompatibilidade
Alfabetizar letrando: um paradigma e os rumos da prática alfabetizadora
Edeil Reis do Espírito Santo
Resumo: Este breve ensaio problematiza a relação indissociável entre os processos de alfabetização e letramento, bem como as suas especificidades, aludindo o quanto essas especificidades reverberam sobre as metodologias e formas de ensinar a linguagem escrita. Partindo do paradigma do alfabetizar letrando, estamos tomando como base as ideias de Magda Soares (2016, 2022) de alfabetização como tecnologia (apropriação/aprendizado da língua oral e escrita) e uso/desenvolvimento dessa tecnologia (letramento). Soares defende a alfabetização como um processo estruturado e intencional das relações fala/escrita e como um aprendizado que envolve a escrita alfabética e um tempo de investimento em mediações assertivas em concomitância com os usos socio-político-culturais dessa escrita. Embora acreditemos num processo onde caiba “alfaletrar”, corroborando a autora, lucidamente, apontamos para os perigos de se embarcar em determinadas práticas em que se diluem a alfabetização e o letramento num processo único e desprovido de especificidades, especialmente, metodológicas. A escola pública no Brasil está, há mais de três décadas, imersa num processo de aprendizado incidental da escrita alfabética e, após anos de críticas e imersão numa situação de desqualificação didático-pedagógica, parece que as instituições estão retornando às práticas de ensino estruturadas, com base em evidências científicas e, especialmente, compreendendo que há um tempo finito para o aprendizado da linguagem escrita como tecnologia (alfabetização) e um tempo progressivo e prolongado para o uso/desenvolvimento dessa tecnologia (letramento), ainda que um processo não venha após o outro.
Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Escrita Alfabética. Especificidades Metodológicas.





